A saúde pública vive um momento de contrastes em 2025. Enquanto algumas iniciativas trazem esperança de avanços históricos, como a ampliação do acesso a medicamentos de prevenção ao HIV e o fortalecimento dos transplantes no Brasil, outros indicadores alertam para retrocessos preocupantes, como a queda no financiamento global da saúde e a crise da hipertensão não controlada.

Desafios globais
Relatórios recentes mostram que o financiamento internacional para saúde atingiu o menor nível em 15 anos, o que pode resultar em aumento das mortes infantis por doenças evitáveis. Paralelamente, a Organização Mundial da Saúde (OMS) destaca que mais de 1,4 bilhão de pessoas sofrem com hipertensão, e apenas 20% têm a doença sob controle. Esse cenário aumenta os custos de tratamento e pressiona os sistemas de saúde em todo o mundo.
Outro ponto de atenção foi a declaração de um novo surto de Ebola na República Democrática do Congo e a crise de abastecimento de medicamentos em Botswana, que evidenciam como desigualdades estruturais ainda comprometem a capacidade de resposta a emergências sanitárias.
Por outro lado, iniciativas de impacto positivo surgem no horizonte. O lenacapavir, um novo medicamento de prevenção ao HIV, será disponibilizado em países de baixa e média renda a um custo acessível a partir de 2027, representando um marco no enfrentamento da epidemia. Além disso, a OMS retirou a mpox (monkeypox) da lista de emergências globais, indicando maior controle sobre o vírus.
Ações no Brasil
No cenário nacional, o Sistema Único de Saúde (SUS) se consolidou como protagonista na equidade de acesso. Em 2024, o Brasil bateu recorde de transplantes, superando a marca de 30 mil procedimentos realizados. Ao mesmo tempo, o Ministério da Saúde lançou uma campanha inédita para reduzir a recusa familiar na doação de órgãos, buscando ampliar ainda mais esse número.
Outro avanço importante está relacionado às políticas de adaptação às mudanças climáticas. O governo federal trabalha na implementação de diretrizes específicas para situações de calor extremo, reconhecendo os impactos diretos da crise climática sobre a saúde da população.
Saúde e futuro
Os debates recentes nas Nações Unidas também mostram como doenças crônicas e saúde mental passam a ocupar espaço central nas políticas públicas globais. O Brasil, ao lado de outros países, defende que a agenda climática internacional inclua de forma transversal as questões de saúde — um passo fundamental para fortalecer sistemas de prevenção e proteção social.
O cenário de 2025 revela, portanto, uma encruzilhada: se por um lado existem avanços significativos na ciência, nas políticas públicas e no acesso universal, por outro persistem desigualdades estruturais e novos riscos emergentes. O futuro da saúde pública dependerá da capacidade de governos, instituições e sociedade civil em articular respostas rápidas, sustentáveis e solidárias.
