A Ligga Telecom, antiga Copel Telecom, está oficialmente à venda. A operadora paranaense, controlada pelo empresário Nelson Tanure desde 2020, busca um comprador num negócio avaliado em cerca de R$ 2,5 bilhões — praticamente o mesmo valor pago na privatização há cinco anos.

O processo de venda está sendo conduzido pelo banco Rothschild & Co., mas até agora não houve acordo fechado. Uma das negociações mais avançadas ocorreu com o BTG Pactual, em um possível modelo de troca de ações ligado à rede neutra V.tal, mas as tratativas esfriaram ainda no ano passado.
Nos últimos anos, Tanure ampliou a presença da companhia incorporando empresas como Sercomtel, Horizons e Nova Fibra, e garantindo licenças para operação de 5G em diversos estados — Paraná, São Paulo, Amazonas, Amapá, Pará e Roraima. O compromisso firmado no leilão prevê mais de R$ 1 bilhão em investimentos para instalar cerca de 800 antenas em 300 cidades entre 2026 e 2029, o que pode levar a cobertura da Ligga a 46% da população brasileira.
Apesar da expansão, os resultados financeiros recentes mostram desafios. No primeiro trimestre de 2025, a Ligga registrou prejuízo líquido de R$ 15,3 milhões, alta de 21% sobre o mesmo período de 2024. A receita líquida cresceu 18%, chegando a R$ 160,6 milhões, e o EBITDA ajustado subiu 35%, para R$ 85,4 milhões. A dívida líquida encerrou o trimestre em R$ 871,7 milhões, com alavancagem de 2,5 vezes o EBITDA.
No campo institucional, 2025 também trouxe turbulências. Em junho, a empresa rompeu o contrato de naming rights de R$ 200 milhões com o Athletico Paranaense, iniciado em 2023, após disputas judiciais. Além disso, houve uma forte saída de executivos — incluindo o diretor de Relações Institucionais, o CFO e o CEO Adeodato Volpi Netto. Em maio, o próprio Tanure deixou o conselho de administração, sinalizando afastamento da gestão.
O futuro da Ligga agora depende do desfecho das negociações de venda, que podem redesenhar a atuação da companhia no mercado brasileiro de telecomunicações.
